Ano que vem, mais um ano eleitoral. E daí?

Ilustração ANF

Parece-nos que as eleições do ano que vem já não têm mais o sabor, a esperança, a expectativa de eleições anteriores, principalmente daquelas dos grandes debates nacionais, apesar do povo está podendo estar mais conectado com o cotidiano brasileiro, bem diferente das décadas de 80 e 90. Sabemos que em países como o Brasil, a relação entre políticos e o povo é complexa e multifacetada, frequentemente marcada por desconfianças, expectativas frustradas e uma busca por representatividade. Muitos políticos veem o povo como eleitores a serem conquistados e manipulados, enquanto raros realmente buscam genuinamente representar os interesses da coletividade. O povo, por sua vez, muitas vezes se sente distante dos políticos, percebendo-os como corruptos e descomprometidos com as necessidades da maioria.

Nesse contexto, o filósofo francês Francis Wolff, um ardoroso defensor da democracia, costumava dizer em algumas de suas falas, ele que em 1980 lecionou na Universidade de São Paulo (USP), “O povo está para a democracia como Don Juan está para as mulheres: a conquista mobiliza toda a sua energia, mas a posse o entendia!”. Como se pode notar pela comparação em que remete ao lendário sedutor espanhol, um dos alvos da filosofia de Wolff é o [apolitismo]. Na opinião do filósofo, o desinteresse dos cidadãos pela política ameaça a democracia, ao fomentar entre outros males a ação do que chama de “políticos profissionais”. Livre de cobranças, esse grupo teria o hábito de aprovar ou impor medidas descoladas das verdadeiras necessidades e desejos dos cidadãos.

Mas isso já é uma realidade brasileira, onde os métodos políticos se banalizaram pela própria democracia, onde o servir plural é somente uma falácia, e o agir singular de um pequeno grupo hospedeiro de um político a prática. A democracia do Brasil perdeu o seu valor e ganhou preço, onde dependendo do usuário vale de centavos a milhões de reais.

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Jece Cardoso

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