Brasil: a guerra entre os poderes e a economia na corda bamba

Ilustração @bmfsantiago

Em 2021 e 2022, dediquei parte do meu tempo para estudar dois clássicos de ensino de economia, Microeconomia de Mankiw e Macroeconomia de Blanchard, nessa jornada pela ciência econômica aferi a assertiva: “Política e economia são irmãs siamesas”. De fato, uma não dá um passo sem a outra, e isso fica claro no Brasil contemporâneo.

A instabilidade política que vive nosso país é tão complexa quanto dos tempos da hiperinflação, arrisco dizer que os três poderes vivem um egocentrismo sem precedentes, transformando nossa economia em uma bomba imprevisível que pode estourar a qualquer momento.

As contas públicas clamam por socorro, na tentativa de equacionar os déficits, o ministro Fernando Haddad tenta furar a barreira lobista dos parlamentares que insistem em não deixar seus “financiadores” com os encargos das medidas (vide curiosidade). A bola da disputa da vez é o Decreto do IOF, que foi derrubado pelo congresso, impondo uma derrota ao governo. Inconformado, o governo recorreu à justiça, alegando que os percentuais estavam dentro do limite da lei, e, mais uma vez, o ministro Alexandre de Moraes se destacou à luz da política nacional, após uma reunião “pacificadora” entre governo e parlamento sem sucesso, ele resolveu monocraticamente em “derrubar a derrubada”.

Crise! A decisão foi vista pelos parlamentares como uma afronta ao princípio da separação dos poderes, agravando a guerra entre os poderes.

Acontece que política e economia têm diferentes cabeças, mas compartilham do mesmo corpo, e essa briga só deixa nossa economia na corda bamba. A estimativa é que o governo fechará 2025 com um déficit de 64 bilhões, deixando nossa economia na sombra de um futuro incerto, pois tudo indica que nossa política está longe de reencontrar tempos de paz.

Curiosidade: IOF impacta mais os ricos

O que é IOF? A sigla significa Impostos sobre Operações Financeiras, ou seja, operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou valores mobiliários. Com exceção das operações de crédito (empréstimos), não é comum para os mais pobres, operar câmbio, contratar seguros, ou investir em títulos ou valores mobiliários, então por que derrubar o decreto do IOF senão por barreira lobista?

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