Entrevista com o professor Elias Borges

Professor e artesão, Elias Borges

Um bate-papo com um mestre que tem tudo a ver com a cultura de Marituba e acompanhou de perto importantes momentos culturais da ex-vila operária da estrada de ferro Belém-Bragança. Estamos falando do professor, ator, escritor, artesão folclorista – que fez alegorias carnavalescas para os blocos: Capim Novo, Melado Entra, Maria Fumaça e O Rabo do Burro – , nada mais, nada menos que Elias Borges de Souza, que nasceu em Belém, mais precisamente no bairro da Pedreira, avenida Pedro Miranda, próximo à «Aldeia Cabano», em 10 de novembro de 1963, mas pequeno veio morar em solo «umariuara». O professor Elias, como é conhecido, foi o primeiro redator do jornal A Nova Folha em 2004, e também colaborou com o jornal O Ferroviário, com seus artigos irônicos, sempre abordando problemas da antiga vila, uma das crônicas famosa de Elias Tuité, como assinava, foi “A Glória dos Buracos”.

Elias Borges foi questionado sobre o seu envolvimento com a cultura local, e disse: «Se deu quando dois estudantes da escola Fernando Ferrari, Elias Borges e Roberto Serrão (saudoso), com 17 e 18 anos, respectivamente, resolveram fundar um grupo de teatro no início dos anos 80, denominado de Raízes, com alunos da escola!”. E continua: “A ideia surgiu motivada por conversas de um grupo de amigos, que costumeiramente se reuniam na praça Matriz de Marituba para tocar violão, cantar e ouvir músicas. Nomes como: Léo Monteiro (saudoso), Ronaldo Serrão, Walber Charles, Maria Assunção, Eliel Gomes, Eliana Meireles entre tantos outros que fizeram parte desse grupo!». E acrescenta: «Quando o assunto é cultura, abre-se um leque, pois a versatilidade que me persegue, fez-me passear por vários ambientes, passando pelos trabalhos com adereços, figurinos, cenografia e iluminação teatral (no Raízes, Boi Transformoso e Cordões de Pássaros e Bichos) e colaborando com as confecções de adereços e figurinos do grupo Maromba (teatro) de Belém, em 1984, onde fiz parte do elenco da peça «Povo de Arribação». Também aventurei no campo literário com poesias, crônicas... Inclusive já escrevi para coluna em jornal, e colaborei com este jornal e com o primeiro jornal de mais circulação no período em Marituba, isso em 1994, O Ferroviário!».

Elias ainda ressalta que fez parte do grupo folclórico fundado pelo advogado Paulo Falcão (Poli), onde diz que este alternava as temporadas juninas com o Boi Transformoso, Cordões de Pássaro e Bichos. E completa: «Atualmente estou mais envolvido na produção de artesanato com material reciclável: papel, garrafas petes et., visando a COP-30!”.

O professor expressa ainda: «Participei do «Frutal Amazônia», no Hangar (2) e «Feira Mundial do Artesanato, no Hangar (1), na década passada; em todas as «Feiras do Livro» em Marituba; mostra de teatro amador, no teatro Waldemar Henrique, em Belém (1984); «Festival Nacional de Teatro Amador», em Ponta Grossa, Paraná; «Feira do Empreendedor (SEBRAE-Belém); jurado de festival de quadrilhas juninas da prefeitura de Maracanã, dentre outros!”.

Elias fala sobre a cultura atual e diz: «Se compararmos a tempos mais remotos, antes da emancipação ou, até, anterior às leis de fomentos (Rouanet, Aldir Blanc, Paulo Gustavo, por exemplo) podemos dizer que sim, mas que está muito aquém do ideal, pois atendem a uma parcela pequena de artistas e fazedores de cultura da cidade, contemplam alguns poucos projetos culturais!”.

E continua: “Se for falar de um passado recente, posso arriscar em falar que tivemos algumas conquistas, com os artistas e movimentos culturais buscando organizarem-se e, consequentemente, ampliar seus espaços dentro desse cenário. Prova disso, foi a implantação do Conselho Municipal de Cultura, com a eleição de conselheiros dos diversos segmentos sociais. Sinto que houve alguns avanços na divulgação dos artistas e movimentos culturais em termos desses atores, sofrível, pois ainda persiste altos investimentos em produto cultural (bandas, cantores vindos de outros municípios e de outros estados), deixando os fazedores de cultura local em segundo plano, desprestigiados!”.

E pontua: “Vontade política seria uma boa fórmula para que houvesse uma maior valorização da cultura local, com maior incentivo logístico, financeiro e espaços adequados para a prática das atividades artístico-culturais!”.

Conclui: “Na verdade, de uma forma ou outra; os fazedores de cultura desse município têm mantidos acesas a chama cultural no transcorrer do tempo. As novas tecnologias, o modismo são fatores que vão influenciando a maneira de se fazer cultura, mas as manifestações tradicionais, como: quadrilhas juninas, maracatu, bois de máscaras, boi-bumbá, bumba meu boi, e tantas outras manifestações da cultura popular, persistem e se renovam por gerações nas diversas regiões do país!”.

Em suas considerações finais, disse: “Agradeço a oportunidade neste jornal para poder me expressar sobre a cultural local, entendendo que esse tipo de ensejo na imprensa local é importante para ficar registrada em nossa história como fazedores de cultura, uma atividade tão importante, porém, muitas das vezes tão desprestigiada!”.

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