Moju, a colonização católica, Divino Espírito Santo

igreja do Divino Espírito Santo, Moju

A Igreja Católica Apostólica Romana está presente no Brasil desde a chegada dos primeiros colonizadores portugueses em 1500. Na Amazônia, não diferente, uma presença mais eficaz se fez notar com a conquista de Belém em 1616. Esse domínio, com atritos em vários momentos, como o do enfrentamento ao todo poderoso Ministro Português Sebastião

de Carvalho e Melo o Marquês de Pombal, fez com que os religiosos da missão dos Jesuítas fossem expulsos de Portugal e do Brasil em 1759, mas não toda a igreja Católica, outras ordens religiosas permaneceram.

Durante todo o tempo de conquista, colonização, e mudanças políticas que se seguiram, como a Independência do Brasil, a Proclamação da República, a Igreja Católica esteve aliada aos interesses portugueses e se bem verdade que com a Constituição de 1889, o Brasil deixava de ser um país de uma única religião.

No Moju, Baixo Tocantins, atribui-se a Antônio Dornelles de Sousa a propriedade das terras, onde foi fundado o primeiro povoado que deu origem a este município. As crônicas de Palma Muniz e Theodoro Braga são unânimes em afirmar que esse povoado foi conhecido, antigamente, com o nome de sítio de Antônio Dornelles, antes de ser elevado à categoria de freguesia, por ocasião da visita pastoral que, no mês de julho de 1754, realizou àquele lugar o bispo do Pará, Frei Miguel de Bulhões. Os mesmos relatos históricos confirmam que, ao passar à freguesia, o sítio de Antônio Dornelles já havia sido doado à Irmandade do Divino Espírito Santo, razão pela qual recebeu a invocação ao santo da irmandade.

A história do Divino Espírito Santo como padroeiro do município se assemelha com a história de outros municípios brasileiros, principalmente os da Amazônia, ou como da de Nossa Senhora de Nazaré, padroeira dos paraenses, quando também um pescador encontrou a imagem da pombinha numa coroa e levou para uma pequena capela onde posteriormente foi

construída a Igreja Matriz.

Durante estes dois séculos e meio, pouca anormalidade ocorreu dentro desta paróquia, onde os religiosos faziam apenas o trabalho de evangelização, como sempre “rezou a bíblia” da Igreja Católica. Quer dizer os párocos que passaram por ali sempre fizeram os trabalhos voltados para a “desobriga”. Missas de casamento, de batismo, de 1ª eucaristia, de extrema unção e outros.

Porém, no ano de 1977, chegou em Moju um padre que iria revolucionar a igreja tradicional por quase uma década. Tratava-se do então Padre Sergio Tonetto. Recém chegado da Itália, este desembarcou no Pará para atuar como missionário numa região que muito se ouvia falar na Europa, mas que não tinham dimensão da realidade, que era a Amazônia. Nos primeiros meses de estádia, o padre ficou na diocese de Abaetetuba aprendendo a língua portuguesa, para que posteriormente pudesse atuar em alguma paróquia diocesana. A chegada do padre Sérgio Tonetto foi de fundamental importância para os movimentos sociais em Moju. No entanto, para que este viesse realmente para o município mojuense seria necessário todo um contexto de integração, uma vez que este estava saindo de seu país de origem, a Itália para adentrar em uma região sem grandes conhecimentos. Assim, o processo se introdução na região se por Abaetetuba, onde permaneceu por seis meses, aprendendo a língua portuguesa e entendo a cultura da população amazônica, os hábitos, curiosidades, e os problemas sociais que afetavam essa gente. Geralmente, Tonetto ficava horas pela manhã observando a linguagem do caboclo no cais do porto da cidade

abaetetubense, e ali fazia anotações para ir se familiarizando com a nova língua. A escolha por Moju se deu em função de um amigo, como podemos ver nestas palavras. “Bom, depois desses sei meses eu fui a Moju, por que eu pedi pra ir a Moju. O motivo pelo qual eu pedi para ir a Moju, foi por que lá trabalhava o colega meu, ele havia se formado junto comigo, o padre Lino, e disse “vou começar um trabalho, vou conversar com o sujeito que eu conheço desde o seio materno”, bom e assim eu fui lá, e em Moju fiquei dez anos, faltava 4,5 meses para completar 10 anos. O período que eu fiquei em Moju foi o terceiro período do qual eu me descolonizei do ponto de vista das concepções que eu tinha de missão de religião, de cultura e assim por adiante e metodologia de trabalho, então, resumindo, foi esse curso lá antes de vir pra cá, foram os sei meses que eu passei lá em Abaetetuba, sem fazer entre aspas absolutamente nada e foi o período em que eu fiquei em Moju, aquilo ali eu sempre digo foi uma conversão”.

A lembrança do padre Sérgio ao recordar um pouco sua trajetória até chegar em Moju, de certa forma carregada de emoção, principalmente quando este diz que o “despojar” era algo que este havia feito com orgulho, uma vez que se percebe que o olhar amazônico o encantava pela diversidade cultural, e a variedade e exuberância fascinavam os europeus. Mas muito mais a realidade tornou-se impressionante para este quando viu que os problemas sociais eram imensos, principalmente no município de Moju, onde este fez questão de ficar devido ali já estar um colega seu, o padre Lino. Ao chegar no município de Moju o padre Sérgio Tonetto ficou impressionado com a pobreza e com o tamanho da cidade, pois esta possuía mais de um século de existência e seu desenvolvimento. No entanto, um dos fatores primordiais que fez com que este permanecesse em Moju foi que os conflitos agrários começavam a entrar em ascensão, além da pobreza que era muito grande. A vontade do padre, que aparentava estar “apaixonado” pela região no sentido de fazer um trabalho diferente com as comunidades da Paróquia do Divino Espírito Santo em Moju, fez com que ele se estabelecesse definitivamente. Neste sentido, a preocupação estava mais voltada para os lavradores, no sentido de este ao afirmar que já havia foco de conflito de terra em Moju, não causou um temor, um receio com uma vontade de retornar ou ir para outra paróquia, mas sim de permanecer, pois ‘a pobreza’ foi algo que lhe chamou a atenção.

A festividade do Divino Espírito Santo em Moju é uma tradição existente há mais de 268 anos, comemoração que remonta os tempos coloniais. Assim como muitas outras manifestações do catolicismo, a festa do Divino é atravessada por manifestações culturais e eventos de cunho espetacular. O Movimento do Mastro como também o Auto do Divino, dois momentos dentro dos festejos ao Santo são os momentos que mais atraem os fiéis, mas pontua-se ao dizer que, está investigação tem como Objetivo Geral Analisar o Auto do Divino do município de Moju enquanto fenômeno espetacular na festividade.

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